quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O mundo torto de Alice

Era uma vez uma menina alegre, uma criança que ainda não conhecia a dor em sua forma mais cruel. Ela andava por aí, pulando corda e brincando de boneca, crescendo. Seu erro foi desenvolver o que ainda não precisava ser desenvolvido, seu erro foi acreditar em algo tão abstrato. Sofreu, chorou, pensou e repensou. Tentou mudar e se livrar da menina frágil e covarde que sempre foi, mas fez tudo isso rápido demais e da forma errada. É a velha história do lobo na pele de um cordeiro, mas do lado do avesso. Ela era apenas um cordeiro com uma capa. Sofreu mais. Não agüentava mais. Um cordeiro que não suportou o peso da capa que tentou carregar. A menina feliz foi sendo destruída aos pouquinhos, por ela, por ele, por todos. Acabou como um dia ele disse que iria acabar.

Desperdiçou seu tempo com algo que nunca valeu a pena. Se encantou por um mundo de fantasias, um mundo de Alice. Um mundo no qual ela nunca deveria ter caído. Um buraco sem chão, sem luz. Gritou, tentou sair, mas ninguém nunca a ouvia. Um belo dia, seus gritos chegaram ao ouvido de seu anjo, como um sussurro. Ele correu, não em um cavalo branco, para salvá-la. A menina se encantou de uma forma inexplicável, tão difícil de entender que, de certa forma, deixou o anjo voar. Ele foi embora, seu anjo estava machucado, mas ela não pretendia fazer isso. Ela só estava com medo de cair mais fundo no buraco. Porém, suas tentativas fracassadas e seu medo estúpido a fizeram cair mais rápido.

A menina das fantasias agora estava divida entre duas dores. Não descobriu qual era a pior. Queria ver o sorriso na face de seu anjo mais uma vez, o sorriso que ele havia dado a ela, o sorriso que ela recusou. Também tentava fugir da encruzilhada do desejo a que o príncipe traiçoeiro a fez se perder.

A menina das fantasias descobriu que não era mais uma menina. Ela agora era mulher. Ela odiava ser mulher. Ela queria ser criança, queria se livrar daquele buraco que ela havia caído, que só ela via, que só ela sentia. Ela deixou de acreditar em tudo. Deixou de ser quem ela era para agradar a outros e não agradou. Tentou fugir e não conseguiu. Tentou correr e foi pega. Tentou gritar e não foi ouvida. Tentou ser ajudada e teve medo. Ser mulher, para ela, era insuportavelmente doloroso.

A menina das fantasias, então, resolveu voltar a ser menina. Frágil, alegre, covarde. O buraco não sumiu, ele continua ali e aparece de vez em quando, mas ela não liga. Ela se agarrou à ilusão de que ainda não encontrou o seu “felizes para sempre”.

A menina das Fantasias

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Hoje eu mandei um depoimento. Um depoimento que falava da importância de uma amiga, da confiança que tínhamos uma pela outra. Mas, tudo foi rápido demais e, quando me dei conta, um sentimento havia sido destruído. Meu cérebro, no momento, é um emaranhado de pensamentos e reflexões que me deixam cada vez mais confusa. Eu sentia raiva e agora, só o que eu sinto é dor. A dor de uma amizade que se foi, das sete que viraram apenas seis. A confiança foi embora, mas o amor não é uma coisa descartável, é forte e duradouro e é ele que me faz sofrer tanto.
É, os problemas não são mais os mesmos. Garotos, notas baixas, professores chatos. Hoje, eu percebo que deixei de ser criança. Agora os entraves são complexos e tensos. Sexo, futuro, amizades corrompidas.
Eu sempre fui boba, sempre acreditei em tudo que me diziam. Acreditava nos contos da Disney, acreditava que todo mundo podia ser feliz. Mas a vida dá voltas, e eu tive que aprender da forma cruel a não acreditar em todos que dizem ser meus amigos.
Eu vou sentir falta, vou continuar chorando. Se um dia vai passar? Eu não sei. Só sei que nunca mais será o mesmo.